sábado, 25 de setembro de 2010

Alef א

Alef dormiu. Ele então sentado no gramado perto de sua casa, vê uma pessoa caminhando em direção à beira do ribeirão, aquele perto da ponte. Então Alef desceu em direção à pessoa que caminhava, pois suspeitava que já o conhecia. NO andar em direção a esta pessoa, aquele jovem adulto sentia queimar dentro do seu coração que há tempos não sentia. Alef chegou a esta pessoa, e perguntou-lhe ... nada. Iria perguntar mas não conseguiu. A pessoa o fitou, disse, com um sorriso: "siga-me"; e continuou a seguir rumo ao ribeirão. Alef lembrou que tinha tantas coisas a fazer no seu trabalho, no seu curso de faculdade, nos compromisso pueris e pseudo-essenciais... Alef acordou.

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Alef א


Ontem foi interessante para Alef א, que teve mais um bom momento em seu trabalho secular. Viajou, conheceu pessoas, voltou, riu, refletiu. Chegou, Dormiu e acordou hoje cedo com preguiça de acordar. Ontem ele enviou uma mensagem à Maria Rosa, mas sem resultado. Esses dias ele falou com ela pelo telefone, e obteve uma conversa normal. Isso não alterou sua semana. Ele olha para o que ele tem que fazer, e se desanima. Há momentos que as coisas vão se acumulando, acumulando até que elas ganham vida própria e viram um monstro. Ele respira fundo e vai tomar um banho. Durante este ato de purificação corporal, sobreveio a ele um pensamento que vem se tornando repetitivo. Ele já não mais se identifica como jovem, embora se comporte como tal. Ele busca se identificar como adulto, e para que se comporte como tal, ele se reveste de responsabilidades adultas. Mas, no processo transicional, as dúvidas e os receios da adultez plena o impede de ser simplesmente adulto. E Alef א começou, em pleno banho, a refletir sobre tudo isso, e lembrou que alguns medos amorosos são medos adolescênticos e infantis. Lembrou que procrastinações acadêmicas e profissionais são vontades juvenis que fogem dessas confusões de adulto. E pensou que,talvez, sua infelicidade quanto sua percepção e cultivo espiritual se devia por seu conturbado modo juvenil-infantil de lidar com a vida espiritual. Seu quarto todo revirado refletia sua vida revirada. Sua horta, no fundo do quintal, deixada às ervas daninhas há um bom tempo, refletia seu coração, deixado às traças da existência. Aliás, seu coração já tem sido há muito considerado como uma pedra.

*א*

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Alef א

E Alef א finalmente conseguiu que sua vida começasse a tomar novo rumo, ou pelo menos conseguiu dar novo sentido aos fatos que, bem interpretados, apontavam para um novo direcionamento. Recebeu uma ligação de um antigo romance, a Gil. Recebeu a notícia que sua atual e já finda paixão - Lira - havia inventado qualquer desculpa tola para não receber seu belo e bem intencionado e confeccionado presente (um rico album de fotos com uma caixa deliciosas da famosa empresa de chocolates finos "Présénté"). Ou seja, ela o ama, mas só não consegue aceitar o convite, ou qualquer outra coisa do tipo. Na viagem feita hoje com seus alunos à capital, Alef encontrou seus ex-futuros cunhados, irmão e cunhada de sua ex-futura esposa e, depois de quatro anos de conhecidos, pela primeira vez este ex-cunhado abre um belo sorriso e o trata como um amigo. Alef também sorriu e amou mais um pouco sua Maria Rosa, ex-futura esposa e futura ex-paixão. No trabalho, uma grande preocupação é subitamente interrompida ao receber o email que assegurava que sua encomenda fora entregue. Um alívio apaziguou a alma deste jovem homem. Porém, um alívio momentâneo, passageiro.. pois o que este homem deseja e quase sempre relega para segundo plano na correria do dia a dia é ter um momento do seu Deus.

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Hoje ALef acordou feliz, mas muito feliz. Ora, porque? Durante o dia inteiro ele ficou sem entender o porquê desta felicidade. Bom, ele acordou e foi trabalhar em casa. Na contemporaneidade inventaram o trabalho em casa onde, ao invés de trabalhar menos, se trabalha mais e em todo o momento. O não-horário de expediente, se não bem controlados, escravizam o sujeito a um trabalho contínuo sem tregua e em casa. A sensação é horrível, e só se consegue ter sucesso quando se rende às novas lógicas de auto-controle, auto-gestão do tempo dentro de uma manière-de-faire capitalística. Trabalhando, Alef vai digitando e escutando Caim Fabin, um pensador muito inteligente que disponibiliza audios para download na internet.

Em meio a papéis e digitações intermináveis em um quarto repleto de afazeres, surge no coração de Alef um desejo muito grande de viajar. Viajar com liberdade e pregando a liberdade. Andar errante por esta terra falando de uma felicidade e de uma boa notícia. Mas, não se fala com vivacidade aquilo que não se vive...

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