quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

não pare um processo, pois iniciá-lo novamente é dolorido, lento e demorado.

sábado, 22 de fevereiro de 2014


Por quê hoje em dia resolvemos as coisas mais importantes, os momentos mais cruciais de nossas vidas, os sentimentos mais profundos por email, whatsapp, facebook? somos tão modernos assim?

o que vale mais? uma curtida no fb ou um beijo na boca?

um não no email ou um sim no olho-no-olho?

uma aspereza no whatsapp ou um abraço nos braços quentes?

uma foto fotoshopada no perfil ou um sorriso com as marcas do tempo, sob o sol da tarde de fevereiro?


Por quê fazer declarações, fechamentos, abertamentos de sentimentos, emoções por meio virtual, se o amor que fazemos não é virtual... 

Mas o meio frio do mundo virtual não conseguirá exprimir o que nós queremos dizer em email, é melhor vivermos a vida da mesma forma até nos revermos. Quando te rever, viverei os sentimentos do encontro... É no encontro com o outro* é que nos tornamos humanos.. Vigotski afirma que "nos tornamos nós mesmos através dos outros". 





*Como alguém disse num blog: "Claro que, no encontro com o outro, nunca se pode esquecer que o outro é um outro eu e ao mesmo tempo um eu outro, de tal modo que nunca nenhum de nós saberá o que é e como é ser outro enquanto outro, eu outro. Mas o que mais nos interessa é a semelhança, pois, nas diferenças, somos todos humanos, reconhecendo-nos." http://teologizar.blogs.sapo.pt/13064.html

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Não ame*me, ame*se...que eu amo*te


Não devemos nos prender a ninguém, porque um dia chegará o dia do desprendimento, e muita dor e sofrimento teremos.

Chega um momento em que percebemos que antes de lançarmos dentro da vida do outro, devemos nos perguntar: eu estou me amando de verdade? eu tenho total segurança dos meus sentimentos? tenho total certeza do meu amor para comigo? se o mundo todo cair sobre mim amanhã, permanecerei serena e calma, sorridente e calma? a partir daí vc não pautará sua felicidade por outros, pelo que um outro (mesmo q seja eu) disse ou não disse, fez ou não fez, pensou ou não pensou.. 

desejar o outro, o amor do outro, apaixonar-se é legal.. mas é como correr atrás da nossa sombra.. é exatamente isso. o amor do ente desejado é como a sua sombra.. corra atrás dela.. corra.. e nunca a alcançará. Deixe de correr, ame a si mesmo, e trilhe seu caminho, e vc verá a sua sombra te seguindo, caminhando contigo para onde vc for. 

Quanto mais ciúmes, mais impulsividades, mas mostramos que queremos o outro perto da gente, mas pela pior forma possível. Isso só o afastará de nós, e seremos maaais ciumentos, mais impulsivos e o afastaremos ainda mais.. Aí percebemos que ao amarmo-nos cada vez mais, ao centrarmo-nos em nós, crescermos não para o outro, mas para nós, despertaremos a curiosidade do outro.. 

Mas é um limite tênue, "tenuíssimo".. é aquela linha tênue que existe quando deparamos com um cachorro bravo na nossa frente.. mostramos um ar de medo e ele avança sobre nós.. mantemos firmes nossa postura, ele se contém.. No amor, a linha tênue é a mesma, mas os efeitos inversos..  mostramos medo e ciúme, o outro se afasta.. mostramos uma postura firme, convidamos a curiosidade do outro...


Enfim, viver sem avidez, sem desejo, sem paixão, sem fixação, sem preocupação, sem ciúme, Sem medo, sem receio...

Quando eu chegar nesse patamar, vou deixar-me nadar no mar do amor.. por enquanto não posso me aventurar, pois certamente me afogaria, morreria de amor, sofreria até ficar sem respiração, sem saúde, sem paz..  e isso não é amor.. não desejo isso nem pra mim nem pra amada..

Quero apenas que o corpo de minha amada seja testemunha do BEM que eu lho faça...
http://letras.mus.br/chico-buarque/45155/#radio

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Alef א - O instante da ação é Agora





Cara Lina,

Estar aberto para o presente, para a inevitabilidade da vida, é bom. Meu foco agora é outro, não são relacionamentos, paixões, compromissos padronizados, etc. Vou pensar nisso ano que vem, sério. Acho que já te disse isso. Estou trabalhando o desapego, mas não esse desapego das músicas, onde a pessoa quer prazer sem compromisso, mas não consegue viver sem celular, sem comprar, sem carro, etc. Isso não é trabalhar o desapego. Desapego de verdade é quando você anula o seu EU, e tudo relacionado com ele, principalmente o MEU/MINHA. Nada é meu, nem a família, nem "meus" bens, nem "meu" corpo, nem "minha" parceira (muito menos), nem "meu" dinheiro, nem "meu" trabalho.. como disse Salomão, tudo isso é vaidade... é tudo ilusão. Desapegar é entender que eu quero o bem e felicidade pra alguém, sem esperar nada em troca, sem ter por ela desejo/paixão ou aversão/medo/ódio. Aquele que quer me matar e aquela que quer me matar de prazer, são para mim duas pessoas que gerarão em mim sensações agradáveis ou desagradáveis, nada mais. Entendendo que essas sensações são impermanentes, e que essas pessoas são passageiras, virão e vão embora, deixarei de criar apego, desejo e aversão, logo deixarei de gerar sofrimento (!) e conseguirei desenvolver sabedoria e amor puro, amor que ama sem esperar nada em troca. Amar é alimentar um pássaro sem gaiola. Se um dia ele se for, se algum dia ele destruir sua plantação de tomate, se algum dia ele sujar toda sua casa, se algum dia ele morrer, tudo bem. Ficarei triste por uns instantes, mas entenderei que é assim, tudo passa. Até mesmo o mais belo orvalho da manhã de hoje, que molhou tão graciosamente a pequena horta que os prédios da sua rua têm, e que talvez você nem viu de perto, já secou... Esse orvalho é uma das coisas mais lindas que já existiu e nem por isso sai em revistas, em posts do facebook, na mídia, e roteiros turísticos..

Umas das grandes verdades que tocou meu coração na meditação foi a de entender que, para além das discussões teológicas sobre jesuses, sua divindade ou não, ele se revelava como a palavra viva de Deus, e tudo o que ele falava ele fazia. Tente ler o novo testamento sobre essa ótica (até certo ponto bem budista): qdo ele diz "eu sou caminho, a verdade e a vida", ele devia saber que isso de "eu" não existe.. é um recurso linguístico.. como ali quem dizia era a palavra de Deus, logo é a palavra divina que é o caminho, a verdade e a vida. E como viver essa palavra na prática? Ora, é só olhar como jesus/ a Palavra viveu: ele só dizia: ame o seu próximo. Ele vivia isso: amando, ajudando, sem apego, sem ódio, sem paixões. Ele dizia: "não andeis ansiosos pelo mundo, pelo que haveis de comer ou beber; olhe os lírios dos campos, eles não tecem nem fiam, mas nem o rei Salomão conseguiu se vestir tão bem como os lírios.. ". Outra parte jesus disse: sejais como as crianças..  Uma frase bonita do reverendo Caio é: viver sempre sendo um flagrante diante de Deus...

AS coisas que aconteceram comigo ano passado, desde as quebras de planos e sonhos, fim de algo que nem tinha nascido, grave acidente com meu pai, e a meditação em Vipassana, me fizeram entender que, realmente, tudo passa, e somos bobos ao achar que podemos controlar um fio de cabelo nosso. Se você está lendo esse email agora, foi porque ontem Deus te livrou de ser atropelada, você se lembra? E foi porque quase escorregou no banheiro (e se escorregasse, onde vc estaria agora?)... A gente vive é sob milagres, dia a dia.. Tudo passa, dinheiro, dívida, amor, vida, morte, oportunidade, luto, raiva.. mas infelizmente o ser humano tem a incrível capacidade de tentar reavivar o que já passou através das lembranças, memórias, cartas e fotos e, mais recentemente, com emails e facebook.. aí achamos que a visão distorcida de memórias mentais e virtuais é a visão mais límpida e clara do que aconteceu um dia.. e aí revivemos desejos e aversões, e logo sofrimentos... sabia que a meditação de Buda ocorre algo que parece isso, mas o efeito é justamente o contrário? Quando meditamos, tentamos observar as sensações boas e ruins como "provas" de que as coisas são passageiras, e criamos a sabedoria de que tudo é passageiro.. quando estamos nesse processo, deixamos de gerar desejo e aversão, logo deixamos de gerar sofrimento agora e no futuro... quando deixamos de gerar as reações (=sankhara) de desejo e aversão, reações antigas (sankharas antigos) arraigados em nosso inconsciente vêm a tona trazendo as sensações geradas na época em que vc reagiu com avidez ou aversão a alguma coisa/pessoa. Quando isso acontece, vc naturalmente lida com essas sensações como vc lidou com as outras: entende que elas são impermanentes.. e aí, elas se dissipam... é um processo natural, limpo e bom! não é nada químico, mas libera uma boa bioquímica no corpo. E as lembranças: elas, assim como os sentidos, é um sentido, o sentido da mente. As lembranças, pensamentos e memórias também geram sensações, e devemos sempre saber como lidar com elas.. Nós não somos nossa mente, nossas lembranças, nossa pseudo-história que achamos que somos (por acharmos que juntamos certinho nosso passado...). O que passou passou, e resta apenas sombras que vamos juntando tipo tijolinho de Lego.. aí juntamos tudo e achamos que "esse é nosso passado", " eu sou assim e assado".. falso.. claro que temos hábitos incorporados no corpo e na mente, e precisamos trabalhar neles (por isso o livro do hábito! muito bom!), mas nossa consciência (ou espírito) não é nosso corpo! Não é nossa mente! Ou seja, nossa consciência não é condicionada a história/hábitos do corpo nem da mente! por isso um cara da favela da Índia, cheio de doenças, com uma história toda cabulosa, "com vidas passadas piores ainda", com péssimos hábitos, analfabeto, etc e tal, se esse cara se torna consciente, ele pode ajudar milhões, ele pode ser muito feliz, ele pode não sofre mais gastrite e pode dormir a noite confortavelmente. Porque a consciência não se condiciona nem sofre com o corpo e com a mente. MAS, se ela não se condiciona, ela se submete, se subalterna. O que acontece conosco é que nos identificamos com corpo e com a mente, e aí sufocamos a nossa consciência. Achamos que a dor que o corpo sente é nós quem sentimos! Mentira. Achamos que as lembranças nos trazem uma viva recordação daquilo que realmente aconteceu! mentira! A mente mente, o corpo mente, ao nos dizer que aquilo que percebemos é parte de nós. Uma pessoa que se identifica com seu corpo, quando perde as duas pernas, se sentirá um ser inferior... lamentável mas é verdade. Ela não entendeu que ela pode ficar sem pernas e braços, toda imóvel na cama, e que aquilo será apenas o corpo, mas a sua consciência continua lá, excelente, plena, talvez mais plena do que antes, quando tinha braços e pernas (você já viu o fim do filme chamado "diário de uma ninfomaníaca"? veja os minutos finais... não continue a ler isso sem ver esse trecho do filme). O que vale a pena ser vivido, deve ser bem vivido. Tomar escolhas conscientes evita se arrepender-se depois. Por que se arrepender de algo que vc decidiu corretamente? Transforme seus hábitos pouco a pouco, torne-se consciente a cada dia, busque a verdade antes do que dinheiro ou sucesso ou desejo de saldar dívidas, porque realmente não sabemos se amanhã estaremos vivos. Uma verdade tem tocado muito meu coração ultimamente: o melhor lugar do mundo para eu viver agora é onde eu estou agora: dentro do ônibus, andando pelo centro, atravessando uma pinguela dum córrego, no local de trabalho, lendo um livro preso ao transito, etc.. esse é o melhor lugar e o mais belo, porque é aí que toda a explosão e o mistério do corpo chamado Alef ou Lina Carla acontecem incessantemente... e o melhor e mais pleno momento da vida é nesse instante, porque é agora que temos o poder de mudar nossas condições, nossos hábitos, nossos erros, pedir desculpas e amar a outra pessoa. Estou aprendendo a separar planejamento a curto/médio/longo prazo e preocupação. Posso planejar (e devo) o mês, mas devo viver cada dia como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há amanhã... (lembre-se daquela frase: "fiado só amanhã"..) o único instante para ação de verdade que existe é hoje.

Hoje e sempre,
Alef.

9/2/014